OS PERIGOS DA DIMINUIÇÃO DA TAXA DE COBERTURA VACINAL CONTRA A MENINGITE
OS PERIGOS DA DIMINUIÇÃO DA TAXA DE COBERTURA VACINAL CONTRA A MENINGITE
A meningite é uma inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, geralmente causada por uma infecção bacteriana ou viral. É uma doença grave que pode levar à morte ou deixar sequelas graves em crianças e adultos. A cada ano ocorrem até 5 milhões de casos, incluindo epidemias de novas cepas que se espalham entre países e em todo o mundo. Provoca 1 morte a cada 10 casos e deixa sequelas, como: epilepsia, surdez e perda de membros. Em crianças, a meningite pode ser ainda mais perigosa, pois o sistema imunológico delas ainda está em desenvolvimento e a doença pode se espalhar rapidamente.
Nos últimos anos, tem havido um aumento significativo nos casos de meningite no país, e esse cenário está diretamente relacionado à baixa adesão à vacinação. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2021, apenas 70% da população alvo recebeu a vacina contra a meningite. Como resultado, os casos da doença têm aumentado, o que tem causado preocupação entre os profissionais e as instituições de saúde.
Entre os anos de 2007 e 2020, foram notificados 393.941 casos suspeitos de meningite. Destes, foram confirmados 265.644 casos de várias etiologias, sendo a viral a mais frequente (121.955 casos), seguida pela bacteriana (87.993 casos).
É importante diferenciar a meningite bacteriana da viral, pois o tratamento e o prognóstico podem variar significativamente. A bacteriana é geralmente mais grave e pode levar a complicações graves, como sepse e danos cerebrais. Os sintomas costumam se desenvolver rapidamente e incluem febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez do pescoço, vômitos, convulsões e confusão. O tratamento é realizado com antibióticos e deve ser iniciado o mais cedo possível para evitar complicações.
Já a viral é geralmente menos grave e tende a ter um curso mais benigno. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, fotofobia, náuseas e vômitos. Não há tratamento específico para a meningite viral, mas os sintomas podem ser aliviados com medicamentos para dor e febre.
Apesar de existirem outras formas de prevenção contra a meningite, como a etiqueta da tosse e o mantimento de ambientes ventilados e limpos, a vacinação é o método mais eficaz e seguro. No Brasil, a vacinação é recomendada e oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como medida de prevenção da doença. Existem diferentes tipos de vacinas disponíveis para proteger contra os principais agentes causadores da meningite bacteriana, incluindo Neisseria meningitidis (meningococo), Streptococcus pneumoniae (pneumococo) e Haemophilus influenzae tipo b (Hib).
As vacinas disponíveis no calendário de vacinação da criança do Programa Nacional de Imunização são:
- Vacina meningocócica C (Conjugada): protege contra a doença meningocócica causada pelo sorogrupo C.
- Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada): protege contra as doenças invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite.
- Pentavalente: protege contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo B, como meningite, e também contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B.
- Meningocócica C (Conjugada): protege contra a doença meningocócica causada pelo sorogrupo C.
- Meningocócica ACWY (Conjugada): protege contra a doença meningocócica causada pelos sorogrupos A,C,W e Y.
A baixa taxa de vacinação contra a doença pode levar a um aumento do seu número de casos e das complicações associadas. Crianças, idosos e pessoas com sistema imunológico comprometido estão em maior risco de desenvolver a doença.
Quando a maioria da população é vacinada, é criado um efeito de proteção coletiva, conhecido como imunidade de rebanho, que reduz a circulação do agente causador da doença na comunidade. No entanto, quando a taxa de vacinação é baixa, o risco de surtos e epidemias aumenta, mesmo entre as pessoas vacinadas. Além disso, a baixa taxa de vacinação pode levar à propagação de cepas resistentes aos antibióticos, tornando mais difícil o tratamento da doença.
Nos últimos anos, houve uma queda significativa na cobertura vacinal contra a meningite, especialmente em relação à vacina meningocócica C (conjugada) aplicada em crianças menores de um ano de idade. Segundo dados do Ministério da Saúde, em apenas cinco anos, a taxa de aplicação dessa vacina caiu de 87,4% para 47% no país.
Portanto, é importante que a população esteja consciente da importância da vacinação contra a meningite e siga as recomendações do calendário vacinal.
É responsabilidade de todos contribuir para a proteção da saúde pública e prevenir o surgimento de epidemias de doenças evitáveis por vacinação. A vacinação é a melhor forma de prevenir a meningite e suas complicações.
Referências:
Centers for Disease Control and Prevention. Meningococcal Disease Outbreaks in College Settings – United States, 2013. Morbidity and Mortality Weekly Report, v. 62, n. 22, p. 429-431, 2013.
Centers for Disease Control and Prevention. Meningococcal Disease: Technical and Clinical Information. Disponível em: https://www.cdc.gov/meningococcal/clinical-info.html.
Ministério da Saúde (Brasil). Calendário Nacional de Vacinação 2021.
Ministério da Saúde (Brasil). Meningites. Disponível em: https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/meningites.
Sociedade Brasileira de Pediatria. Vacinação contra a meningite: quais as opções para crianças e adolescentes? Disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/vacinacao-contra-a-meningite-quais-as-opcoes-para-criancas-e-adolescentes/.
World Health Organization. Meningococcal meningitis. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/meningococcal-meningitis.
DANDARA, Luana. É preciso vacinar: o risco representado pela queda da cobertura vacinal contra meningite. FIOCRUZ, 2022. Disponível em: <https://portal.fiocruz.br/noticia/o-risco-representado-pela-queda-brusca-da-cobertura-vacinal-contra-meningite>.