OS DESAFIOS RESPIRATÓRIOS NO INVERNO: COMO A QUEDA DE TEMPERATURA INFLUENCIA O AUMENTO DE PROBLEMAS E INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS
OS DESAFIOS RESPIRATÓRIOS NO INVERNO: COMO A QUEDA DE TEMPERATURA INFLUENCIA O AUMENTO DE PROBLEMAS E INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS
A relação entre a queda de temperatura, o inverno e o aumento dos problemas respiratórios e infecções respiratórias é bem estabelecida. No entanto, é importante ressaltar que o clima frio por si só não causa infecções respiratórias, mas pode criar condições favoráveis para o aumento da transmissão de certos patógenos, bem como agravar os sintomas em pessoas já infectadas.
No Brasil, as doenças respiratórias são mais frequentes durante o inverno, especialmente nas regiões sul e sudeste, onde as temperaturas ficam amenas e há presença de massas de ar frias e secas. As temperaturas mínimas variam em torno de 12°C. Nessa época do ano, há um aumento na transmissão de vírus como a influenza e o rinovírus, o que contribui para o agravamento dessas doenças e resulta em internações. As doenças respiratórias crônicas são responsáveis por aproximadamente 4 milhões de mortes em todo o mundo, sendo que a asma ocupa a terceira posição no ranking de mortalidade no Brasil, correspondendo a 8,2% das internações no Sistema Único de Saúde (SUS). Alguns dos vírus mais comuns no país nessa época são os da Influenza, Rinovírus, Vírus sincicial respiratório (VSR) e o Coronavírus.
O ar seco e frio provoca irritação das vias respiratórias, resultando em diversos sintomas e doenças, sendo a asma e a rinite as mais comuns. Essas condições estão frequentemente associadas a sintomas como coriza, obstrução nasal e dificuldade respiratória, especialmente em crianças e adolescentes. Além disso, o frio tem um impacto significativo nas doenças respiratórias, especialmente em pacientes asmáticos, pois o clima e as condições climáticas do inverno podem agravar a irritação dos brônquios, resultando em uma série de sintomas que afetam negativamente sua qualidade de vida. Pacientes com rinite alérgica desenvolvem uma sensibilização que desencadeia uma resposta inflamatória mediada pela imunoglobulina E.
Os fatores meteorológicos e a poluição do ar estão intimamente relacionados, já que no inverno a concentração de poluentes aumenta devido à baixa umidade. Essa concentração de poluentes pode ser proveniente tanto de veículos e indústrias quanto de queimadas de biomassa. Esses fatores combinados contribuem para o aumento de internações e registros hospitalares devido a doenças respiratórias.
Outros fatores que podem contribuir para essa relação é:
- Transmissão aumentada de vírus: No inverno, as pessoas tendem a passar mais tempo em ambientes fechados e com pouca ventilação, o que facilita a propagação de vírus respiratórios. Além disso, alguns estudos sugerem que certos vírus, como o vírus influenza podem sobreviver e permanecer infectantes por mais tempo em condições de baixa umidade e temperatura mais baixa.
- Supressão do sistema imunológico: A exposição ao frio pode suprimir temporariamente o sistema imunológico, tornando as pessoas mais suscetíveis a infecções respiratórias. Além disso, o frio pode causar vasoconstrição nas vias aéreas, reduzindo a resposta imunológica local e a capacidade de eliminar patógenos.
- Secura do ar: Durante o inverno, a umidade relativa do ar tende a diminuir. Ambientes internos aquecidos tendem a ser mais secos, o que pode afetar negativamente as vias respiratórias, ressecando as membranas mucosas e tornando-as mais suscetíveis a infecções.
É importante ressaltar que outros fatores, como o contato próximo com pessoas infectadas, higiene inadequada das mãos e imunidade individual, também desempenham um papel significativo na propagação de infecções respiratórias.
Deste modo, aumentar a testagem para doenças e vírus respiratórios durante o esse período é de extrema importância. Essa abordagem traz vários benefícios significativos. Em primeiro lugar, a testagem permite um diagnóstico preciso, possibilitando identificar corretamente as doenças respiratórias e iniciar o tratamento adequado o mais rápido possível. Isso reduz complicações e melhora os resultados clínicos. Além disso, a testagem em larga escala auxilia na identificação de casos positivos, permitindo a implementação rápida de medidas de isolamento. Isso contribui para evitar a propagação das doenças respiratórias, reduzindo a transmissão em comunidades e ambientes de saúde, como hospitais e clínicas. Outro ponto importante é o monitoramento epidemiológico. Com uma testagem abrangente, é possível monitorar de forma mais eficaz a incidência e a prevalência de doenças respiratórias em determinadas regiões. Esses dados são essenciais para a elaboração de estratégias de saúde pública e para o planejamento de recursos, como leitos hospitalares e suprimentos médicos. Além disso, o aumento da testagem também permite a detecção de variantes de vírus respiratórios, como a influenza e o coronavírus. Identificar essas variantes precocemente é crucial para entender sua propagação e tomar medidas adequadas para controlar sua disseminação. Por fim, a testagem em larga escala durante o inverno e períodos de temperaturas mais amenas também contribui para a educação e conscientização da população. Isso ajuda a enfatizar a importância da prevenção, higiene respiratória e adoção de medidas de proteção, como uso de máscaras e distanciamento físico.
É recomendado durante essas épocas, a fim de diminuir o risco de infecções, práticas como: lavar as mãos com frequência, vacinar-se contra a gripe, garantir ambientes bem ventilados, evitar aglomerações e utilizar máscaras respiratórias quando necessário. Essas medidas ajudam a reduzir a transmissão de vírus e bactérias, além de proteger contra agentes infecciosos no ar. A vacinação é de extrema importância, por isso, mantenha-se atualizado com as vacinas recomendadas, incluindo a vacina contra a gripe (influenza). A vacinação adequada pode ajudar a prevenir infecções respiratórias e suas complicações.
Referências:
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