A Dosagem de Anticorpos Monoclonais no Tratamento de Doenças Autoimunes
A Dosagem de Anticorpos Monoclonais no Tratamento de Doenças Autoimunes
Os Anticorpos Monoclonais (mABs) são imunoglobulinas derivadas de um mesmo clone de linfócito B, cuja clonagem e propagação se efetuam em linhas de células contínuas. Os mABs são elaborados para interagir com antígenos específicos encontrados em determinados tipos de células, apresentando maior eficácia na preservação das células saudáveis em comparação com as terapias citotóxicas convencionais.
Esses agentes podem ser efetivos por meio de vários mecanismos, tais como bloquear receptores ou fatores de crescimento essenciais para as células, induzir apoptose, ligar-se a alvos celulares e recrutar funções, como citotoxidade celular anticorpo-dependente ou citotoxicidade complemento-dependente, além de distribuir partículas citotóxicas como radioisótopos e toxinas.
Os mABs são considerados importantes para tratamento e diagnóstico, devido à sua especificidade ao antígeno e eles têm sido usados com sucesso no tratamento de diversas doenças, incluindo câncer, doenças autoimunes e infecções virais.
O mercado brasileiro de anticorpos monoclonais para o tratamento de câncer vem apresentando crescimento nos últimos anos, impulsionado pela alta incidência de câncer no país e pelo surgimento de novas terapias baseadas em anticorpos monoclonais. Embora ainda existam desafios relacionados ao acesso e ao custo desses medicamentos, a perspectiva é positiva para o setor, que deve continuar expandindo à medida que novas terapias são aprovadas e o acesso aos tratamentos é ampliado.
No tratamento de doenças autoimunes, os anticorpos monoclonais têm sido cada vez mais utilizados e podem ser usados para se ligar a proteínas envolvidas no processo inflamatório que ocorre na doença, como é o caso do fator de necrose tumoral (TNF) no tratamento da artrite reumatoide e da esclerose múltipla. As doenças autoimunes ocorrem quando o sistema imunológico do corpo ataca por engano seus próprios tecidos saudáveis, levando a inflamação crônica e dano tecidual.
Uma revisão sistemática publicada na revista Frontiers in Immunology em 2021 avaliou os resultados de 115 estudos clínicos randomizados que investigaram o uso de anticorpos monoclonais no tratamento de doenças autoimunes. Os autores concluíram que os anticorpos monoclonais têm um papel importante no tratamento de doenças autoimunes, melhorando os sintomas e reduzindo a progressão da doença em muitos casos. Um estudo publicado na revista Rheumatology em 2018 avaliou o uso de anticorpos monoclonais em pacientes com artrite reumatoide refratária ao tratamento convencional. Os autores encontraram que o tratamento com anticorpos monoclonais resultou em uma melhora significativa nos sintomas e na qualidade de vida dos pacientes.
Alguns exemplos de anticorpos monoclonais utilizados no tratamento de doenças autoimunes incluem:
- Adalimumabe: é um anticorpo monoclonal que se liga ao fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa), uma proteína inflamatória envolvida na artrite reumatoide, doença de Crohn e outras doenças autoimunes. usado para tratar doenças inflamatórias intestinais (DII), como doença de Crohn e colite ulcerativa.
- Rituximabe: é um anticorpo monoclonal que se liga às células B, tendo como alvo a proteína CD20 encontradas nessas células, que estão envolvidas na patogênese de várias doenças autoimunes, incluindo o lúpus eritematoso sistêmico. Ao direcionar e esgotar as células B, o rituximabe pode reduzir a inflamação e melhorar os sintomas em pacientes com doenças autoimunes.
- Alemtuzumabe: é um anticorpo monoclonal que se liga ao CD52, uma proteína encontrada em linfócitos T e B, e é usado no tratamento da esclerose múltipla.
- Infliximabe: é um anticorpo monoclonal que se liga ao TNF-alfa e é usado no tratamento da artrite reumatoide, doença de Crohn, colite ulcerativa e outras doenças autoimunes.
No geral, os anticorpos monoclonais revolucionaram o tratamento de doenças autoimunes, fornecendo terapias direcionadas que podem reduzir a inflamação e melhorar os sintomas. No entanto, como acontece com qualquer tratamento médico, existem potenciais efeitos colaterais e limitações no uso de anticorpos monoclonais, e o tratamento deve ser adaptado às necessidades e condições individuais de cada paciente. Por isso, é importante que o tratamento seja supervisionado por um médico especialista na área.
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